Capa do livro FELIZ ANIVERSÁRIO, JOÃO! de Júlia Rosemberg e Priscilla Bertucci

FELIZ ANIVERSÁRIO, JOÃO!

Júlia Rosemberg e Priscilla Bertucci
Thais Stoklos (ilustrações)

João é um menino que quer saber como é fazer e viver as coisas de um jeito diferente. E que teve no dia do seu aniversário a grande sorte de contar com sua querida avó. Escrito a quatro mãos por Júlia Rosemberg e Priscilla Bertucci

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O mundo de hoje
Laerte

Muitos adultos acham que criança vive num mundo especial, onde tem que estar tudo no lugar certo e no tempo certo.  Acham que as crianças aceitam o que é dito e ensinado sem fazer perguntas, que nem uma plantazinha que é só regar e proteger das lagartas.

Mas na verdade não é bem assim que funciona.  Hoje a gente vive num mundo onde estão acontecendo muitas mudanças, que a criança percebe e quer entender.  Júlia, Pri e Thais contam aqui a história de João, um menino que quer saber como é fazer e viver as coisas de um jeito diferente. E que teve a sorte de contar com apoio na hora certa! 

Sobre as autoras

Júlia Rosemberg

Desde pequena, eu gostava de jogar futebol, andar de skate e tocar bateria. Meus pais, ainda bem, não apenas deixavam que eu fizesse essas coisas consideradas “de menino”, mas também me incentivavam a ser quem eu era.  Fui uma criança que podia experimentar uma porção de jeitos de viver, me fantasiar de tudo o que eu quisesse, cortar o cabelo curtinho ou deixá-lo crescer, usar bermuda ou vestido, rosa ou azul (ou amarelo, branco, vermelho...). Mas sei que nem todas as crianças tiveram ou têm essa possibilidade, nem todas as crianças puderam ou podem experimentar diferentes papéis, fantasias, ou simplesmente ser. Conheço alguns adultos que tiveram uma infância cheia de repressões.  Priscilla, por exemplo, a quem eu convidei para escrever este livro comigo, teve muitas vezes negados seus desejos de experimentação.  Por isso este livro é tão lindo: para além da história do João, trata-se de acolher as mais diversas possibilidades de existir no mundo. 

Priscilla Bertucci

Quando criança, eu queria fazer caratê, empinar pipa, usar roupas de menino, mas meus familiares não lidavam muito bem com esse meu lado e quase sempre isso era motivo para brigas e muita tensão.  Não pude vivenciar uma porção de coisas consideradas do mundo dos meninos, e muitas vezes me forçaram a usar roupas rosa, vestidos, ter um corte de cabelo feminino, o que não representava o que eu realmente gostava, sentia e queria.  Por conta da religião de minha família, tive meus desejos de experimentação oprimidos pelos meus pais, primos e tios, que às vezes ficavam falando de mim, do meu jeito, das minhas preferências, das minhas coisas que eles não entendiam. Na escola também não foi diferente: até os 13 anos sofri bullying por parte de professores e alunos.  

Fiquei muito feliz com o convite da Júlia, porque vejo este livro como uma tentativa de colocar luz na questão da identidade de cada um. Tenho o desejo de, por meio desta história, inspirar outros pais e crianças a acharem um lugar confortável e natural ante a experimentação.

Thais Stoklos

Desenhar a história do livro Na barriga da minha mãe foi um desafio encantador para mim. Eu conhecia a Totó – protagonista do enredo – desde a barriga, e imaginá-la lá dentro sonhando, depois de vê-la aqui fora brincando, foi muito divertido. Foi o primeiro livro que eu e a Júlia fizemos juntas. Gostei tanto que aqui estamos nós novamente.  Eu tenho duas filhas, a Tina e a Lia. Adoro deixar que elas escolham a brincadeira: fazer teatro, desenhar piratas ou construir máquinas é muito legal. Nessas brincadeiras, a gente experimenta muitos personagens diferentes, acessamos mil possibilidades do mundo da fantasia – afinal, a vida não é pura experimentação?  Por isso ilustrar a história do João me deixou tão feliz! Adoraria que os leitores e as leitoras viajassem conosco neste livro e se sentissem cheios de carinho e amor. E com vontade de boas aventuras na vida, cheia de modos de viver. 
Feliz aniversário, crianças!